sábado, 19 de março de 2011

Feliz dia do pai

o meu pai só me viu já após o 25 de Abril. Logo durante a gravidez da minha mãe ele, para fugir à falta de emprego, vai para a França a salto, que é como quem diz, de forma ilegal fugindo ao controlo da Polícia.

Não o fez por motivos políticos, porque julgo que a política lhe era alheia, nem tão pouco para fugir à Guerra Colonial, pois já tinha cumprido o serviço militar.

Fê-lo porque em França se ganhava o suficiente para alimentar uma mulher e dois filhos em Portugal, comer e ainda poupar algum dinheiro para construir uma casa.

Julgo que é esse o sonho de qualquer emigrante.

E assim, numa noite escura e fria, pelo menos é assim que ele conta, foi ter com um contacto no Porto. Depois andou muito, andou mesmo muito. A meio da noite deram-lhe um chocolate. Depois em Vilar Formoso estava uma carrinha à sua espera para o levar para a França.

Ser apanhado na fronteira, a meio da noite, naquele tempo podia significar a morte

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